Resenha do artigo “Associação da psicofarmacologia e psicoterapia cognitivo-Comportamental no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada” de Guilherme Henrique Morais e Tatiana da Silveira Madalena (2019)
O artigo “Associação da psicofarmacologia e psicoterapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada” visa esclarecer ao leitor sobre a utilização desses dois olhares no tratamento do quadro de ansiedade generalizada, além de demonstrar sua eficácia ao longo do tempo, reduzindo, então, os preconceitos sobre a terapia medicamentosa e/ou ao diagnóstico. Dá-se o mérito à forma específica cuja terapia cognitivo-comportamental maneja a clínica, associando-se ao tratamento farmacológico, onde, segundo os autores, são integrados em grande parte dos casos.
Salienta-se que o artigo compreende a ansiedade como um estado complexo advindo do medo e, ambos, normais ao comportamento humano perante suas relações com o mundo real ou imaginário. Porém, verifica-se o quadro patológico quando foge às avaliações corretas diante das ameaças e, nesse mesmo cenário, imputa-se grande sofrimento ao sujeito por perda do controle sobre as reações a essas situações. Nota-se, ainda, que o medo, tal qual o desejo por segurança, é a base para respostas incompatíveis ou mesmo incontroláveis, pois ao ser apresentadas ameaças, o indivíduo retorna com defensivas inesperadas.
A ansiedade, como mencionado, é um estado normal de preparação para a mudança, vendo-se um comprometimento quando esse mesmo estado se excede e interfere no comportamento psicossocial do sujeito, ou seja, trazendo angústias que podem gerar outros transtornos ou dificuldades nas relações desse sujeito com o mundo. Nesse sentido, os autores reservam um espaço vasto para mencionar a aplicação da terapia cognitivo-comportamental na clínica e evidenciar sua fundamentação teórica, trazendo, assim, teóricos que delineiam a maneira como é compreendido seu fenômeno estudado, além de inferir conselhos à atuação.
É relevante mencionar que o conteúdo é extremamente útil, tanto o artigo em si quanto as abordagens apresentadas, pois as mesmas se apresentam objetivas e que visam cumprir metas a fim de conectar, desde o momento inicial da intervenção, todo o andamento das técnicas realizadas, mostrando-se pressupostos focalizados, como também, levando em consideração a relação entre o paciente e o terapeuta. Em linhas similares, a terapia cognitivo-comportamental e psicofarmacologia são apresentadas como práticas complementares, vindo a resolver os limites uma da outra.
Os autores iniciam com a apresentação das peculiaridades da Terapia cognitivo-comportamental, seguindo com as peculiaridades da Psicofarmacologia para, então, reunir as convergências entre as duas e os resultados da associação entre elas no tratamento aos pacientes. Além disso, eles também expõem que o uso das duas, ou cada uma isoladamente, deve ir de encontro com algumas questões como: a necessidade de cada paciente, as preferências que eles venham a manifestar e os efeitos colaterais verificados. A partir disso, a utilização das duas vertentes, concomitantemente, objetiva a promoção de eficácia.
Ao lado da terapia cognitivo-comportamental se apresentam ainda, como explanado pelos autores, três grupos de enfoque: as terapias com o olhar cognitivo-comportamental, as terapias psicodinâmicas e as terapias de apoio ativo. Cada qual está para um problema levantado pelo paciente, indo de encontro com a solução do mesmo da melhor forma. Já, ao lado da psicofarmacologia se apresentam duas posições, uma que contempla o uso dos benzodiazepínicos por terem uma ação rápida e afeitos duradouros, e outra que contempla o uso da Buspirona pela redução de qualquer efeito colateral, mas seu efeito não é tão rápido se comparado aos benzodiazepínicos.
A introdução de fármacos, portanto, permite que o caminho para a condução de uma psicoterapia seja clarificado e facilitado. Com isso, muitas questões são levantadas no decorrer do texto, onde suas conclusões ficam resolvidas em parte, por necessitarem de mais estudos concentrados na verificação de eficiência e eficácia de cada uma isoladamente e na comparação entre elas, pois com o uso associado, implica dúvidas sobre qual das duas está favorecendo mais. Mas, mesmo assim, os autores salientam que as duas, por conterem resultados favoráveis quanto à utilização, não perdem sua competência por essas questões.
A leitura se apresenta moderada, com termos de fácil entendimento e numa linha de raciocínio construtiva, onde o leitor consegue assimilar os conteúdos colocados, sendo necessária, por hora, a complementação teórica de alguns conceitos psicofarmacológicos. Logo, dirige-se aos estudantes da área de Saúde em geral por circundar uma vertente multiprofissional e interdisciplinar.
Definindo Conceitos Importantes
Transtorno de ansiedade generalizada: Ou TAG, é caracterizado por preocupações excessivas referentes a acontecimentos ou atividades na maioria dos dias.
Benzodiazepínicos: Medicações que aumentam o limiar convulsivante. São amnésicos porque potencializam alostericamente o receptor GABA (ácido aminoburítico).
Buspirona: Um agonista parcial do receptor de serotonina 1A é reconhecida como ansiolítico geral.
Referências Bibliográficas
KAPCZINSKI, Flávio; QUEVEDO, João; IZQUIERDO, Iván. Bases biológicas dos transtornos psiquiátricos: uma abordagem translacional. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
MORAIS, Guilherme Henrique; MADALENA, Tatiana da Silveira. Associação da Psicofarmacologia e psicoterapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. Cadernos de Psicologia. Vol. 1, No. 1, P. 149-165. 2019. Disponível em: https://seer.uniacademia.edu.br/index.php/cadernospsicologia/article/view/1981.
STAHL, Sthephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
Ficha Técnica
Texto da resenha: Ramon Santiago do Nascimento
Edição e revisão técnica: Luã Teixeira Guapyassú Câmara / Danielle Paes Branco