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Entendendo os antidepressivos e sua apresentação

2 de maio de 2022

Resenha do artigo “Psicofarmacologia dos antidepressivos” por Ricardo Moreno, Doris Moreno e Márcia Soares em 1999.

Entender o papel do antidepressivo é saber que são medicamentos relevantes que contribuem no tratamento da depressão e “produzem aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica através da inibição do metabolismo, bloqueio de recaptura neural ou atuação em auto receptores pré-sinápticos”. Há duas gerações de antidepressivos, os quais apresentam mecanismo de ação, uma farmacocinética específica que causam efeitos colaterais e também tem especificações de com quais medicamentos eles podem ou não interagir, ou seja, a interação farmacológica e o que fazer em casos de intoxicação medicamentosa.

O artigo “Psicofarmacologia dos antidepressivos” publicado em 1999 por um grupo de três psiquiatras apresenta todas essas informações farmacológicas citadas acima sobre os tipos de antidepressivos, suas características e toda sua funcionalidade e estrutura. Trazendo os detalhes de cada remédio disponível no Brasil, com explicações químicas, biológicas e tabelas que oferecem inúmeras informações para o saber mais completo sobre esses medicamentos. Tendo em mente que eles são divididos em duas gerações, a segunda se dá a partir do ano de 1980.

A primeira geração, ocorrendo a partir da década de 50 tem tipos principais, os inibidores de monoaminooxidase (IMAOs) e os antidepressivos tricíclicos (ADTs), que apresentam efeitos colaterais indesejáveis, que são resultados de uma má especificação dos receptores neurais, ou seja, os remédios atingem áreas do cérebro que não estão envolvidas com a doença e causam inúmeros efeitos podendo ser fatais dependendo da dosagem medicamentosa. Assim, há um cuidado maior no manejo desses medicamentos, o adequando a dietas alimentares que são ricas em certas vitaminas, proteínas e entre outros, estando atento também no uso de outros remédios além do antidepressivo do tipo IMAOs, para que não ocorra mistura indevida de substâncias, como e mostrado nas tabelas do artigo.

Já a segunda geração, medicamentos desenvolvidos após os anos 80, inclui remédios como a venlafaxina, nefazodona, trazadona, reboxetina, bupropion, mirtazapina e os ISRSs (inibidores seletivos da recaptação de serotonina), cuja seletividade farmacológica, o alvo neural que o remédio atua, é assertiva e melhor administrada, sem operar em partes desconexas à doença, pois agem “em um único neurotransmissor (…) ou em múltiplos neurotransmissores/ receptores (…), sem ter como alvo outros sítios receptores cerebrais não relacionados com a depressão”. Assim, causando menos efeitos colaterais e os efeitos percebidos por pacientes são manejáveis, mudando dosagem ou até mesmo o tipo de medicamento e são menos agressivos. Efeitos únicos de acordo com o remédio tomado já que os da segunda geração têm estruturas químicas próprias e diferentes entre eles, onde cada um atua em um ou mais neurotransmissores diferentes.

Um artigo cuja estrutura demonstra a importância do estudo desses medicamentos e dos resultados realizados. Ao concluir suas ideias, os autores enfatizam a importância da pesquisa clínica desses antidepressivos e o entendimento do funcionamento estrutural e químico deles, para que a evolução seja sempre exercida e tenha segurança aos pacientes. Ressalta também a ausência de estudos conclusivos nas pacientes gestantes e lactantes, onde não se sabe ao certo se existem perigos ao feto e a gestante, impossibilitando-as de ter acesso aos medicamentos pelo menos no primeiro trimestre, como é recomendado pelos profissionais e mostrado ao longo do artigo.

Assim, é percebida nitidamente a importância de artigos que revisam a literatura e que estudam as estruturas das medicações existentes para que haja o cuidado e a proteção de quem as utiliza, sendo possível uma melhora nos futuros remédios e até mesmo descartar os já existentes por apresentarem falhas. Além de um cuidado com o usuário dos antidepressivos, a atenção e a possibilidade de que eles possam ser acessíveis para gestantes e lactantes também afirma notoriedade no âmbito da pesquisa e da revisão química e biológica dessa psicofarmacologia mostrada ao longo do artigo.

Definindo Conceitos Importantes

Neurotransmissor: “substâncias químicas que estimulam ou inibem o neurônio seguinte” (ANDRADE et. al., 2003).

Farmacocinética: “tem o objetivo de estudar a absorção, distribuição, biotransformação e eliminação de fármacos” (CAVALHEIRO e COMARELLA, 2016).

Depressão: “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo” (DSM V, 2015).

Antidepressivo: “produzem aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica através da inibição do metabolismo, bloqueio de recaptura neuronal ou atuação em autoreceptores pré-sinápticos” (MORENO, MORENO e SOARES, 1999).

Psicofarmacologia: “substâncias medicamentosas ou recreacionais que atuam no sistema nervoso central e podem influenciar o estado psíquico do paciente ou usuário (…) têm o potencial de alterar comportamento, humor, cognição e etc” (HERRMANN, PIATO, LINCK, 2021)

Referências Bibliográficas

CAVALHEIRO, Amanda; COMARELLA, Larissa. Farmacocinética: modelos e conceitos – uma revisão de literatura. v. 10. n. 5. Saúde e desenvolvimento, 2016. Disponível em: < https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/571 >

DE ANDRADE, Rosângela; et al. Atuação dos neurotransmissores na depressão. v. 2. p. 3. Sistemanervoso, 2003. Disponível em: < http://www.saudeemmovimento.com.br/revista/artigos/cienciasfarmaceuticas/v1n1a6.pdf >

HERRMANN, A. P.; PIATO, A.; LINCK, V. Descomplicando a psicofarmacologia: psicofarmacos de uso clinico e recreacional. São Paulo: Blucher, 2021.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 [recurso eletrônico] / [American Psychiatric Association; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2015.

MORENO, R.; MORENO, D.; SOARES, M. Psicofarmacologia dos antidepressivos. vol. 21. Depressão, 1999.

Ficha Técnica

Texto da resenha: Luisa Blanc é aluna de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Contato: luisavidon@gmail.com

Edição e revisão técnica: Luã Teixeira Guapyassú Câmara / Danielle Paes Branco

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